quinta-feira, 25 de junho de 2009

Ilha de encontros e reencontros

-Miriam, tu estás aqui!...
- Onde querias que estivesse Lancelote? Sempre te disse que ao teu lado estaria e não vou deixar de estar. Sou fiel às minhas promessas e aos votos que pronunciei.
- Mas não é possível. Isto não é possível. Quer dizer, tu… Miriam, sabes o que te aconteceu?
- Sei que me sinto feliz agora. Sei que estás junto a mim e não preciso de mais nada, não achas amor?
- Eu nem caibo em mim da felicidade que sinto de estar de novo contigo, mas… mas…
- Não penses! Vive. Não questiones. Segue. Segue-me.
- Para onde?
Ela puxa-me suavemente pelo pulso e encaminha-me até a um local com um rio, e na outra margem observo labaredas, incêndios incontroláveis e ouço gritos. Aqui é oposto. Uma paz apodera-se de mim e dela também. Olho para o chão e nada vejo. Estou a flutuar. Será isto o céu?
- Vês o que me esperava?
Não há horizonte, não há chão nem tecto. Tudo se pinta em vários tons de branco, mais ou menos sujo. Tudo é luz. E as labaredas desaparecem. Ela ganha asas e puxa-me contra o seu corpo imaterial.
- Miriam! Miriam… Que saudades minha querida! Que saudades!
Desmancho-me em lágrimas. Este reencontro… Vê-la… Senti-la… Ouvi-la…
- Não chores. Eu estou aqui. Vou sempre estar. Peço desculpa mas não aguentei. Já viste o que há aqui? Vá lá. Sorri. Estamos de novo juntos.
Pois estamos. E eu abraço-a, sendo eu imaterial também. Não a quero largar. Não a vou largar nunca.
- O quanto precisei de ti! O quanto eu pensei em ti. O quanto eu te amo! Oh Deus! O quanto eu te amo minha querida!

02 de Maio de 2009
Autoria de: Sara Silva.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Ilha de surpresas

Que disse eu? Deixei escapar esta verdade? Ah!!! O quanto me pesava no coração e ainda pesa. Eu disse. Eu disse aquilo que temia e temo. Eu soltei as palavras. E sinto agora o sol a esconder-se por de trás de uma grande e almofadada nuvem de tons cinzentos. O céu faz-me caretas mas não lhe ligo. Tornou-se um dia obscuro. Com as manhãs e tardes tão solarengas, depois das minhas palavras vem isto…
Espera. Talvez esteja enganado. Olha, caiu uma gota. Outra atingiu o solo acolá. Esta sagrada chuva só pode ser bom sinal. Como é bom senti-la! Agora que penso, enquanto pequenas gotas escorrem pelo meu pálido rosto e outras encharcam as minhas roupas e molham o meu cabelo negro e curto, este pode ser um sinal de Miriam. Porque não? Milagres acontecem. Não tem que haver explicação para tudo. E ela adorava chuva. Em dias assim, íamos ambos para o meio da rua como crianças estender os braços à Maria das pernas compridas, como dizia a minha querida avó. E ríamo-nos. O quão doce e inocente era a sua gargalhada!... E agora já não a vou ouvir ecoar pelas paredes, pelo meu coração… Mas… seria possível? Nah. Claro que não. Seria? Vou tentar.
- Miram, estás aí? És tu que mandas esta chuva? … Não vou obter resposta, claro. Que doido que estou. Escutando sol e o mar, fazendo pedidos ao tempo, esperando respostas de um outro lado, de um outro mundo. Enlouqueci de certo. O melhor é abrigar-me debaixo daquela palmeira à minha esquerda e esperar que esta chuva que me traz estes pensamentos ridículos desapareça, e não volte mais. O que ela me faz lembrar!... E o tanto que dói. Estou cansado. Estou saturado. Tanta inconstância dá cabo de mim. Pura e simplesmente cansado…
- Lancelote… Viste esta chuva? Ahahah!...

02 de Maio de 2009
Autoria de: Sara Silva.