Ainda há duas dezenas de anos não se sonhava com a revolução tecnologia que hoje.
Nessa altura não havia ipods, nem ipads, nem iphones ou tablets, ou mesmo telemóveis touch que têm acesso à internet e GPS incorporados. A televisão ainda não tinha entrado na era digital e às crianças não lhes era incentivado desde tenra idade a aderirem a estes objectos, fornecendo um pequeno portátil onde elas podessem trabalhar.
Onde é que se pensava nessas coisas? Nem se sonhava com tal cenário, sequer.
E foi quase à duas décadas atrás que eu nasci. Desde então cresci neste desabrochar da mente humana, capaz de inventar e produzir os mais diversos e surpreendentes artefactos que lhe facilitam a vida.
Tive um telemóvel com mais de 15 centrímentos de altura e que mal dava para mandar mensagens e, posteriormente, investiu-se num computador com uma torre grande e um monitor espaçoso, que trabalhava muito lentamente e nem sequer tinha acesso à internet.
Mais tarde, com o passar dos anos, tive mais três telemóveis, julgo eu, que tinham um tamanho mais diminuto e vinham apetrechados e equipados com extraordinárias aplicações, e até davam para tirar fotografias!
Do computador antigo, restam as peças que estão guardadas. De resto, o monitor é muito menos espesso e a torre também já não é tão grande e também já não dá para inserir disquetes. E onde é que esses discos quadrados de nome disquetes moram? Num canto bem guardados, porque as pens e discos rígidos tiraram-lhes o lugar.
E o computador está agora equipado com internet, uma ferramenta, sem a qual, já muito pouco se faz. Até para enviar IRS e ter conhecimento e acesso a diversos serviços do Estado isso é necessário...
Entretanto, também fui trocando os jogos à bola na rua por umas horas nesse mundo. Aqui escrevo, jogo, faço trabalhos e partilho pensamentos e o que vai mais em mente através deste meu espaço e, recentemente, aventurei-me pela primeira vez numa rede social: o facebook.
Muitas vezes falo com as minhas amigas por esses meios e o telemóvel tornou-se indispensável. É um facto: as próprias relações interpessoais se tornaram muito dependentes do uso que se faz destas tecnologias, e um exemplo disso é que, antes de ter criado a conta do facebook, ficava à parte quando alguns colegas e amigos abordavam temas referidos nessa rede social.
Tornou-se inevitável: somos tecnodependentes.
E será isso vantajoso? Sim, veio-nos facilitar a vida, encurtar distâncias, tirar dúvidas com um só clique e ter acesso aos conteúdos de que mais gostamos.
Mas também afastou-nos do exterior, das simples tardes com amigos, sem estar em torno de uma tecnologia, de passeios a outras terras, de jogar na rua... Aprisionou-nos e a nossa liberdade já não é a mesma.
E muitas vezes dou por mim a pensar como terei chegado a este ponto, como me tornei tão dependente, de tal modo que nem sem bem aproveitar o meu tempo sem estes serviços todos e não gosto desse facto, porque me julgava mais forte, porque sei que há outras coisas bem melhores do outro lado dos ecrãs.
Por ter conhecimento disso, fiz algumas pausas destas tecnologias e tentei aproveitar o que me rodeava.
Por isso recomendo a quem também se reconheça como tecnodependente para, pontualmente, se afastar temporariamente destas máquinas e abrace o mundo na sua simplicidade, sem zeros e uns a formatá-lo ou radiações que transmitem mensagens, apenas um Eu e a Natureza que o rodeia, bem como os outros seres que a compõem.
Pois chega a tornar-se uma exigência o afastamento destas realidades, para nos voltarmos a integrarmos noutra bem mais concreta.