Passou o dia onze do mês onze e do ano onze.
E tantos onzes já se tornaram um marco, muitos por maus motivos, como o onze de Setembro nos Estados Unidos da América.
Mas o de sexta-feira era especial.
Era um onze que só por si simboliza um marco histórico, um fenómeno único, que só se poderá repetir, com alguma semelhança, daqui a um século.
Criaram-se expectativas, pensaram-se momentos, fizeram-se planos... e para quê?
Para a maioria dos sete biliões de pessoas que habitam este mundo foi só mais um dia. Um dia que se vive, um dia mais em que se sobrevive, onde a rotina impera e a crença degenera.
E eu vi-me a pertencer a essa maioria.
Muitas vezes temos o amanhã pensado e as expectativas edificadas, porém a vida encarrega-se de quebrar esses actos cogitados. Por vezes com boas surpresas, doutras com o desmoronamento das intenções e do intuito de usufruir as escassas horas que não retornam.
E do que podia ter sido esse dia, nada de se destacou.
Não que algo tivesse obrigatoriamente de se destacar, mas havia sempre a esperança de que podia ter sido diferente de todos os outros que se arrastam ao longo de semanas...
Ah!... Não é tolice acreditar, não é errado esperar um pouco mais, mas talvez seja inútil querer algo para além do que é oferecido, porque perante tanta miséria que nos rodeia devia ser mandatório sentir satisfação.
Mesmo sabendo disso, porque se continua a esperar sempre mais da vida?
Porque é que os onzes são presença diária que gera descontentamento?
Porque é difícil contentar-se com o que se tem?
Quiçá seja a alma a exigir mais para que o seu interior seja enriquecido, quiçá seja o coração com saudades de bater forte ou a mente com fome de memórias que sejam fruto de momentos com significância.
Quem o saberá...