sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Pensamentos em viagem

Acompanhada de mim mesma, na queitude das horas pouco movimentadas, dei por mim a estabelecer analogias entre o meio de transporte do meu quotidiano e a vida.
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Vamos de metro em metro, com partida e chegada definida, com começo estabelecido e destino determinado. Há medida que o tempo passa, afastamo-nos do ponto inicial e atravessamos diversas estações, diversas etapas, sempre acompanhados de desconhecidos, rostos familiares e por vezes, de pessoas amigas, que trazemos no coração e mente.
Essas pessoas vão entrando e saindo da carruagem que nos transporta, algumas acompanham-nos nalguns percursos, outras chegam a ir até ao fim.
E sem sair do lugar, vamos aguentando as travagens bruscas, os encontrões e empurrões, o abafo provocado pela multidão asfixiante. Suportamos ruídos, silêncios e outros acontecimentos.
Resumimo-nos à nossa posição, ao que somos e à maneira como lidamos com o meio externo, sem nunca conhecer o outro lado porque nunca contactamos com ele.
Assim experimentamos, usufruimos o caminho até chegar a altura de desembarcar e seguir rumo a casa, ao ponto de retorno.
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Outra perspectiva:
Se nos quedarmos num mesmo local, ser-nos-á impossível reconhecer e conhecer o que nos rodeia. Só agindo e arriscando, atravessando as portas do medo, da insegurança, do conforto, é que construimos a ponte para a aventura desconhecida. Ao dar esse passo, rompemos com o túnel que nos rodeia, que nos impede de vislumbrar como é a superfície, e entregamo-nos à claridade e brilho dos dias solarengos, à penumbra e nostalgia em tempo de chuva, à zanga e refúgio nos dias de trovoada e tempestade. Entregamo-nos à Natureza, ao bom e ao mau, ao que nos pode trazer alegrias, e quiçá dissabores.
Mas só o saberemos se nos mobilizarmos, se teimarmos connosco e nos impelirmos a sair da carruagem e a colocar ambos os pés na estação.
E bastará dirigirmo-nos a um conjunto de escadas, onde a força e a coragem são essenciais, para degrau a degrau, devagarinho, desembocarmos num novo mundo.
Quem sabe se será aí que reside a nossa felicidade.

2 comentários:

Utilia Ferrão disse...

"agindo e arriscando, atravessando as portas do medo, da insegurança, do conforto, é que construimos a ponte para a aventura."
Só por esta frase valeu a pena fazer uma marcha atrás.
Obrigada.
Por vezes há frases que marcam e há outras que parecem mesmo que foram deixadas ali para nós ouvirmos lá no intimo.
Beijinhos
Utilia Ferrão

TITA disse...

A vida é uma viagem nunca acabada.Continua..Beijocas