segunda-feira, 18 de maio de 2009

Ilha de vazios

A estrela da vida já efectua o percurso contrário dando lugar à Lua que outrora repousava. Com o vagaroso passar do tempo, e já com as energias restituídas, volto aos meus pensamentos. Porque não estaria eu à espera daquilo? O que me impedia de esperar tal coisa? A verdade é que não sou vidente, mas sendo a vida generosa para comigo, porque não estar à espera que algo de mau viesse? Continuaria loucamente esperando que ela apenas me trouxesse coisas boas? Sabia que não. Nunca a vida traz apenas felicidades, alegrias e sorrisos, também existem as tristezas, tragédias e lágrimas. No entanto, mesmo assim, não consigo explicar o porquê de não esperar que algo assim viesse, deveria estar tão longe das minhas imaginações acerca do possível, que nem se quer pus a situação em questão.
O meu coração, esse, havia pressentido que algo estaria para acontecer, contudo, eu não lhe dei razão. Ignorei-o. Tomei como um facto normal os seus batimentos acelerados e enlouquecidos, mas sei agora que ele poderia estar a dar-me um sinal, “aproxima-se algo terrível, aproxima-se algo tenebroso, aproxima-se uma tragédia”, me diria ele em cada batida forte que efectuasse. Se o tivesse ouvido… Se o tivesse escutado, talvez não estaria aqui nesta ilha de vazios. Sou um ser incapaz de escutar o meu coração, de descodificar as suas palavras, e ao que isso me levou. Desculpa coração. Tu avisaste-me. Desculpa. A realidade é demasiado negra para que possa continuar a vê-la com clareza. Não consigo pensar mais... Já fiz um esforço sobrenatural para reflectir sobre as incongruências desta minha vida, desta minha anterior vida. Continuarei com estas reflexões, que dão o mínimo de significado à minha existência noutra altura, agora as 400g de fardo foram restituídas e não tenho mais forças para continuar nestes monólogos da minha mente. Estou cansado e a estranheza persiste. Rendo-me à escuridão e ao vazio. Afinal, tanto regrido como faço progressos. Isto vai demorar tanto tempo como a evolução da criatura que deu origem ao ser humano dos dias de hoje. Tanto tempo, tanto tempo… E o que me espera, também não o sei, só o futuro o saberá.

29 de Novembro de 2008
Autoria de: Sara Silva.

2 comentários:

mímica disse...

Simplesmente BRILHANTE!!!
Tenho um desafio para ti no meu blog!

Luís Porto disse...

Bom texto!!