Depois de um gentil beijo ela diz-me, sempre do mesmo modo descontraído:
- Não chores. Sabes que eu também te amo. Porque outro motivo casaria contigo? Pela tua dureza não seria.
- Eu sei, estou um caos. Mas amoleceste o meu coração Miriam. Não te quero largar nunca. Podemos ficar assim apenas, para sempre?
- Podes ter a certeza de que eu abraçarei sempre o teu coração, as tuas vontades e objectivos, tristezas e alegrias, vitórias e derrotas, abraçarei todos os teus momentos. Abraçarei até amores e desamores. Quero que sejas feliz.
- Amores e desamores? Miriam, tu és a minha mulher. Não amo mais ninguém desta forma, nem amarei alguém assim. Tu és aquela metade que me faltava.
- Por vezes o que nos falta é um conjunto de varias peças e não somente uma metade.
- Que dizes meu amor? Que dizes? Não digas essas tontices! Eu quero ficar contigo. Quero ficar contigo aqui. És feliz aqui. Eu sou feliz aqui contigo também. Seremos felizes os dois aqui. Mas diz-me, há algo que não percebo, porquê…?
- Para quê pensar nisso? Lancelote, deixa essas reflexões para outras alturas. Quero-te dizer algo e é algo importante.
Escuto as suas palavras sábias.
- Bem, a vida é como um rio. Cada um de nós é um barquinho que navega nele. O que permitirá atravessá-lo e percorre-lo com sucesso é a estrutura do barquinho. Mesmo até os que parecem mais frágeis, mais susceptíveis a afundarem-se, podem ser feitos de madeira rija. E cada um de nós pode moldar a estrutura, mas há sempre pormenores que deverão permanecer intocáveis, talvez porque é impossível modificar tal parte ou simplesmente porque nos parece que essa parte não prejudica o barquinho na totalidade. É preciso sim ter cuidado com a bagagem que entra no barquinho, estando ele já com a estrutura moldada. Demasiado conteúdo não é bom. Pouco conteúdo também não. Apenas o necessário é que deverá entrar, senão o barquinho fica com demasiado peso. Assim, o barquinho pode enfrentar tormentas e até icebergs que não se afunda como o Titanic, e percorre o rio até lhe ser aplicada a justiça. Eu é que deixei que entrasse demasiado conteúdo.
- Que tipo de conteúdo?
- Oh meu amor, aqui há que fazer. Tenho de ir. A resposta encontra-se na gaveta da cómoda. Que engraçado eu ainda saber isto. Eu abraçar-te-ei para sempre, e sempre. Estarei sempre contigo não te esqueças, estarei do teu lado.
- Não te vás Miriam! Fica aqui comigo… Não te vás, não novamente.
- Seria bom não seria? Mas não pode ser. Ver-nos-emos de novo, algures no futuro. Tem sempre essa certeza contigo e percorre o rio como o forte barquinho que és. Eu amo-te.
Beijou-me e vi-a desaparecer, enquanto gritava e declamava o meu amor por ela e suplicava a sua presença e a eternidade deste encontro.
02 de Maio de 2009
Autoria de: Sara Silva.
8 comentários:
Tão lindo! *.*
Estou ansiosa por saber como é o final!
Precisava da tua ajuda…passa no meu blog e se me puderes ajudar deixa o teu comentário. Obrigado
Ola Sara,
Vou passando e vou lendo os teus textos... Continua :)
Beijinho,
CA
De facto consegues manter o leitor em suspense...=)
ansiosa para saber como terminará este mistério.
mais uma vez, bela história minha amiga =D
que esses sentimentos eternos de amor e bondade prevaleçam ^^
Mas os golfinhos continuam felizes
A cavalgar ondas de madrepérola
A Lua sorri tristemente e pensa
Haverá alguém mais perverso do que ela?
Haverá?! Há sempre uma deusa perdida
Nos labirintos da contradição
Há sempre alguém que usa a palavra amor
Soprando doce veneno ao coração
Boa semana
Doce beijo
Muitíssimo interessante!
"a vida é como um rio. Cada um de nós é um barquinho que navega nele."
É mesmo! A vida é tudo aquilo que fizeres com ela.
Podes só deixar-te ir na correnteza ou remares para onde quiseres... mesmo que contra a maré, muitas das vezes.
Obrigada pela visita
beijinhos
Obrigada pela visita Sara =D
Se for caso disso, boas férias também para ti ;)
Beijinhos
Obrigada :)
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