segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Ó sino...

Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.
E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.
Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho,
Soas-me na alma distante.
A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.

Fernando Pessoa

3 comentários:

fa_or disse...

Mais do que a saudade que o sino nos possa despertar, devemos, hoje, ser nós o sino, o toque a rebate,
e não nos ficarmos nas saudades, no silencio amorfo que nos querem.

Bjins

TehTeh disse...

nos demos isso na escola...Pessoa no seu melhor...

Obrigado por comentares o meu blog Sarinha...

mímica disse...

Este verão ao ouvir o sino tocar na terra do meu pai, invadiu-me uma nostalgia tão grande, mas ao mesmo tempo, alegria!Não sei porquê, mas o toque do sino desperta em mim, muitas emoções! Adoro ouvir os sinos tocar!