"Era eu criança quando vi uma hera pela primeira vez, mas esta teve um mau fim. Os meus pais, achando que estava demasiado desenvolvida e que os seus ramos não deixavam transparecer a claridade do dia, cortaram-na cruelmente! Chorei dias a fio…
Aquela simples planta era minha confidente; escutava-me no seu silêncio. Era sentada a seu lado que eu encontrava a serenidade para enfrentar todos os meus problemas. Estávamos ligadas uma à outra por laços estreitos de carinho. Mas tudo isso teve um fim.
O tempo foi passando e essa memória dolorosa foi-se apagando.
Vivi os anos da adolescência despreocupada e, sem notar, já havia entrado na idade adulta.
Comprei uma casa com o meu próprio trabalho e esforço e decidi cuidar dela com todo o afinco para que a beleza fosse a tónica. Mas também, para que me sentisse confortável nela.
Noutro dia, enquanto cuidava do meu jardim, encontrei uma hera.
Ia arrancando ervas daninhas e algumas folhas secas dos vasos, quando algo me chamou a atenção. Observei minuciosamente e conclui, para meu espanto, que era realmente um hera. Afinal tudo isto me era familiar. Sorri!.. Afloraram-se na minha mente memórias da minha infância e senti-me de novo criança. Aquela hera encantara-me sem que me tivesse lançado um feitiço. Digamos que há algo de especial nesta planta que me cativa.
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No final de cada dia, ia ao jardim observá-la. Com as suas mil e uma folhas ficava cada vez mais perto de atingir o céu. Mesmo nos fim-de-semana desocupados, eu não me cansava de observá-la, era a minha companhia, uma vez que vivia só.
Nos anos que se seguiram esse facto deixou de ser verdadeiro. Encontrei o meu par e constituí família.
Os meus dias tornaram-se monótonos, entre a casa, trabalho e família pouco se conseguia fazer. No entanto, arranjava sempre tempo para a ir ver.
Os anos que se seguiram basearam-se em dias assim. Fui envelhecendo com o meu marido a meu lado, e os nossos filhos, por sua vez, tiveram netos.
Estes, achavam estranho, o facto de passar as minhas tardes de reformada (pois a idade já me pedia descanso) a olhar para uma planta, mal sabiam que significava muito mais que isso. O meu marido partilhava da mesma opinião deles, mas não deixava de me fazer companhia no final da tarde.
Quando me faltaram as forças e a saúde para continuar, despedi-me da minha família e deitei-me na cama. Sabia que havia chegado o momento de partir. Deitei-me para nunca mais acordar. Sob a forma de espírito, trepei a hera da vida e esta conduziu-me até a um lugar calmo e sereno. Era o jardim da felicidade onde o ser humano e a natureza cresciam entrelaçados."
1 comentário:
confesso: n li o k escrevest poré ja tive oportunidade de t ouvir a ler.
a historia esta belissima e acho k toca no coraçao.pincipalment pk podemus tirar daí uma mensagem subjacente.
tas a ficar mt visitada mana :P
adoro-t.
bj
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