O "Oceano Pacífico" da Rfm passava boas músicas, como sempre.
Sonolenta, de me deitar tarde e acordar tarde, num vício e refúgio dificilmente controlável, deixei-me embalar por essas músicas, enquanto permanecia deitada.
Com aquelas melodias calmas, senti-me a regressar ao passado, a um tempo incerto.
Senti parcialmente aquela doce saudade que nos acompanha em elaborados sonhos juvenis, de quem quer tudo, mas não se sabe ao certo o que fazer.
Quando a realidade era suave e as dificuldades disfarçadas com momentos unicamente pueris.
E sonhar não custava, porque não conhecia bem os limites que me eram impostos, as barreiras que me impediam de ir mais longe. Vivia descontraída, saboreando emoções.
E agora?... Ainda restam alguns instantes desse sentir.
Será que a fase adulta ou a transição para a mesma nos faz perder esse carácter sonhador?
Ou por nos tornarmos mais responsáveis, passamos a delinear mais frequentemente objectivos tangíveis? Porque seria ignorância renunciar à impossibilidade de certos desejos e portanto, inútil viver face a eles.
Mesmo assim, cada vez mais consciente do mundo que me rodeia, ainda sonho, porque essa liberdade, ninguém me tira.
2 comentários:
Nunca ouvi o programa porque não ouço RFM, mas adorei o texto no seu todo, ainda mais a última frase que escreveste em pequenino, está tão verdadeira *.*
Tem o dom de nos pacificar e transportar a um oceano de beleza.E é de sempre esta sensação.Hoje,como há 40 anos atrás sinto o mesmo.Escuta bem e deixa-te ir,simplesmente.Beijinho
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