- Não me consigo ausentar... Uma parte de mim permanece neste ponto.
- Então que a outra parte se ausente por ti. Talvez baste.
- Tem sido assim e para já ainda não me desfragmentei definitivamente... Há sempre um elemento coesivo.
Olho para o horizonte.
- Eu era para escrever sobre o amor na véspera do dia de S. Valentim, um dia especial por duas razões...
- Que uma delas seja um marco sorridente no percurso da vida.
- Ambas acabam por o ser.
- Estás certa, de facto.
- Eu era para falar disso, mas a ocasião passou.
- O amor sobrevive, vive ainda um pouco por todo o lado. Não é um dia que o determina.
- Certamente. Mas... será ele utopia?
- E o que é que não o poderá ser? Quem garante que a realidade não é utopia?
- Déscartes garantiu-o: "Penso, logo existo".
- Ciências não quebram os limites da mente, ela que navega por mundos inimagináveis, ilusórios até.
- E então e ele...
- Ele existe. Existe como nós existimos. Se formos ilusão, ele será ilusão, porque somos nós que o fazemos. Mas mesmo assim será um doce engano que acalenta corações, eleva espíritos, sustem vivências, aquele que procuramos e por algumas vezes encontramos.
- Eu tenho a sorte de o ter achado em momentos e dele ter permanecido.
- Sei que te escapou nalgumas ocasiões...
- Talvez nem o tenha sido, não na sua unidade, do eu e tu que formam nós. Mas águas passadas não movem moinhos.
- Outras águas correm para dar seguimento ao curso desse rio, onde serás barquinho resistente. Estou certa disso.
- Oxalá o seja... E sabes onde o achei com mais força e mais pureza?
- Não...
Volto-me e entrego um abraço de novo.
- Aqui.
(Iniciada a 13 de Fev.; finda a 17 de Fev.)
1 comentário:
Não existe melhor resposta que um abraço.Beijocas.
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